terça-feira, 28 de outubro de 2008

Texto de Rebuzzi



Como passei muito tempo frequentando esse bar, acabei aprendendo algumas lições. A mais importante de todas ponho aqui: Músicas tem silêncios, almas tem ocos e pessoas tem vazios.

A cada salva de palmas batidas para ele, eu reconhecia que ninguém ali o aplaudia pela qualidade de suas músicas, mas porque ele era da nossa espécie. Os excluídos. Azarados. Os que conheceram a verdade nua e crua quando a viram tomando banho com a pessoa que amavam.

Então, o conheci pessoalmente. Sujeito de pernas arqueadas, olhos amarelos e expressão triste (apesar de um rosto bonito).

Crise existencial, depressão e diálogos firmes?
Ele era tão ruim quanto eu!
Estou apaixonada.


Por Rebuzzi

Fracasso

Dois amigos andavam pelo parque. Conversavam.

- Perdi as pessoas que eu gostava, minha família, minha noiva, meu trabalho...
- Sobrou uma garrafa de vodka pra você fingir que está tudo bem? Ria na sala e chore no quarto.
- Putz... Pior que não!
- Sobrou dinheiro?
- Não...
- Então roube. Vodka realmente ajuda.
- Já sei. Vou roubar um sorriso!

O outro olhou assustado. Não era bobo. Não iria sorrir.


Por Rebuzzi

A Neve


Quando os primeiros flocos de neve começaram a chegar, as pessoas de uma pequena cidade saíram de suas casas. Foram todos para uma praça que ficava bem no centro. Algumas crianças começaram a brincar com os flocos de neve, e os adultos a conversar sobre seus assuntos cotidianos.

Após vinte minutos, um grande e assustador barulho ecoou a alguns metros de distância. Alguns moradores ficaram assustados, pensando que era o fim do mundo, e voltaram correndo para suas casas. Outros, mais corajosos e curiosos, foram para o lugar do estrondo.

Lá jazia algo bem grande, de forma retangular e bem grosso, mais do que aqueles travesseiros cheios. As pessoas ficaram espantadas. Inicialmente, ninguém se mexeu, só ficaram olhando e admirando aquela imagem, até que um senhor de bastante idade aproximou-se e começou a tirar a neve de cima daquilo. Com essa ação, outras pessoas também foram lá ajudar e, com o tempo, tiraram toda a neve em cima do objeto e finalmente reconheceram o que era.

Então, o mesmo senhor que começou a tirar a neve disse em choque: "É um grande livro."

Logo em seguida, o livro abriu-se sozinho. De dentro dele começaram a sair coisas maravilhosas, como florestas, animais, um grande e iluminado sol, borboletas, nuvens, doces e outras coisas diversas coisas que iam aparecendo. Até que a capa do livro encostou na neve.

Uma pessoa começou a ler, e logo em seguida começou a chorar. Os moradores mais próximos perguntaram o que tinha acontecido, e essa pessoa disse que era a coisa mais linda que já tinha lido em sua vida, e começou a ler em voz alta para todos.

Após as primeiras palavras, todos sentaram, ficaram ouvindo atentamente. Os outros começaram a ler para eles mesmos. Só pararam quando a pessoa que estava lendo se cansou.

Quando voltaram para a cidade, logo contaram para os moradores que haviam ficado. As reações deles foram bem diferentes umas das outras. Alguns acharam que os que viram o livro tinham ficado loucos, outros ficaram curiosos. E alguns ignoraram o assunto.

Por Isabel Pessoa

Sentimentos

Quero dizer que há coisas que fazem pensar. Falar. Chorar. Olhar. Fazer. Enfim, pensar. Pensar sobre a vida.

Morder. Gritar. Berrar. Tirar algo da garganta. Colocar muita coisa para fora. Vomitar em quantidade até que fique só o vazio.

E vem o fim? Não!

Correr. Muito rápido. Até que ninguém alcance. Mais rápido que o vento, o ar, as palavras, os pensamentos, o tempo...

por Isabel Pessoa.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Sintoma

Duas coisas que ocorreram naquela noite. A primeira sentia que sua voz não saiu e estava com muita vontade de berrar. A segunda que os objetos do seu quarto não estava no seu lugar antes de apagar a luz.
Mas quando os primeiros raios de sol apareciam, a situação voltava ao normal e levantava agoniada suando.
Isso começou a repetir alguns dias da semana, depois no mês, no próximo e quando viu, já estava ocorrendo há um ano.
Não estava mais aturando isso, já estava estava com insônia perturbada, paranóico, irritado e falava só em raras situações, sua vizinha de casa, estava acompanhando isso, por alguns meses. Então resolveu tomar uma atitude, ligou para o Doutor Godofredo e pediu para ir na causa do vizinho.
Numa tarde quando estava dormindo, é acordado com o som alto da campainha e ficava doendo na sua cabeça; levantou e abriu a porta. Nela estava um homem alto com um jaleco branco e com sorriso ponta a ponta do rosto e sua vizinha com um vestido sem vida e um casaco de linha com um olhar preocupado e entrava um forte sol ao seu rosto, impedindo de ver a rua.
Logo após disso desmaiou. Abriu os olhos. Estava na sua sala com a vizinha e o médico. Após de uma conversa formal, disse ao médico tudo que estava acontecendo.
Então o Doutor fechou os olhos com o rosto muito sério, até com um aspecto mau. Falou algo rapidamente com as palavras emboladas e deu um remédio e saiu rapidamente da casa.

por Isabel Pessoa

Ame – Érica


Finalmente fora posto a lista de inscrições para a apresentação dos alunos da escola de música Tim Maia, onde vocalistas, guitarristas, pianistas, entre outros, formariam bandas para tocar na grande noite.
Érica Roosevelt, aluna de guitarra do professor Joel Lourenço, babava ao ver tantas bandas se inscrevendo, sendo que ninguém a procurava, pois era aluna nova, mas, num súbito momento sua amiga Catarina Loyola apareceu e a convidou para tocar com ela e mais outra amiga no show. Érica se sentiu lisonjeada, pois acabara de entrar numa banda convidada por um baterista, coisa difícil de encontrar hoje em dia.
Às oito horas do dia seguinte as três iam se encontrar para ensaiar num estúdio em São Gonçalo; Érica, apesar de morar no final da Avenida das Américas, na Barra, chegou meia hora antes das outras. Pouco depois das duas, Nayara, a baixista, chegou atrasada. A partir daquele dia, elas se tornaram as melhores amigas.
No dia da apresentação, todas chegaram cedo e fizeram algo inédito, apenas tocaram uma música, mas era uma música escrita por Érica chamada Nozes Somos América. Apesar de ser a única música, uma pequena amiga das meninas chamada Espartovodka fez com que elas repetissem o refrão tantas e tantas vezes que compensaram o tempo delas. Fizeram tanto sucesso que um empresário, Roberto Baiano, as colocou no auge da carreira. Érica, de 17 anos, Catarina, de 16, e Nayara, de 15, lançaram seu primeiro álbum Nozes Somos América, claro que com a música de mesmo nome com seus quatro minutos finais apenas com o refrão. Também compuseram Éricatarinayara e Us Tados Nidos.
Tudo ia ótimo com a banda denominada Cana, feita pelos sufixos e prefixos do Power trio, que virou quarteto com a adição da guitarrista Giovanna, filha de Baiano, que logo se enturmou com a banda, agora denominada Gincana. Mas tudo veio abaixo em novembro de 2009. A banda ia ter um show, mas Érica, pela primeira vez, estava atrasada e estava a caminho da Cidade da Música. Chovia muito, o trânsito “aquaplanava” na Avenida das Américas. Devido a isso, um carro que estava fazendo um retorno, se chocou com o carro de Baiano e o fez capotar. Baiano saiu ileso, mas a felicidade se destruiu naquele dia. Baiano e as garotas sofriam no camarim, e desde então o espírito multi-americanista se diluiu, e as três pararam de se falar por meses. Foi aí que conflitos americanos tomaram parte, brigas por causa da ALCA, entrada ilegal nos Estados Unidos. Conflitos entre Colômbia e Equador, Brasil e Argentina, Cuba cada vez mais excluída. Foi quando todos começaram a se perguntar, onde estão as heroínas da paz entre as Américas.
De repente, as três vendo o que estava acontecendo com o continente, viajaram pra Brasília e começaram a tocar em frente ao Planalto Central. Quando estavam à beira da repressão, começaram a tocar alucinadamente Nozes Somos América repetindo os refrões cantando Nozes somos Érica. Com a ajuda da mídia local, o acontecimento foi transmitido pelo continente inteiro, e todas as nações começaram a se redimir na mesma hora. Foi inusitado, as meninas cantavam Nozes Somos Érica, Nozes Amamos-Érica e finalmente Nozes Ame-Érica. E a banda continuou com esse nome tocando e homenageando a amiga com a banda Ame-Érica.

Por: Felipe Filgueiras

Exocéfalo

Alan Eusébio de Alcântra era um empresário bilionário que comandava a empresa de vodka Esparta, herdada de seu pai Eugênio de Alcântra. Tudo ia bem em sua empresa, vinte anos de superávit, exportação da Espartovodka para todo o mundo em alta, conta bancária recheada etc. Mas um dia, um de seus braços-direitos lhe informou que havia ouvido boatos sobre um complô forjado por sua mulher gananciosa, Rita, e alguns de seus funcionários de alto escalão. Foi aí que decidiu investigar, mas de nada suspeitava. Mesmo assim dormiu preocupado e sonhou que lia a mente, até que uma voz do além lhe disse para não ir muito longe, ou ficaria muito longe do perto. Nessa mesma hora acordou e começou a sentir uma tremenda dor de cabeça.
Quando foi trabalhar, notou que após mandar seu motorista virar uma esquina por onde sua ex-mulher estava passando, atrasou o expediente do motorista. Foi quando começou a ouvir reclamações dele, só que eram pensamentos, já que o motorista não abria a boca. Percebeu que realmente podia ler mentes.
Passou então a ler a mente de seus funcionários, seus sócios, suas secretárias preferidas etc. Entrava nas salas procurando respostas para a sua suspeitas, mas tudo o que ouvia era ´´ Que idiota, ele não fez o relatório ``, ´´ Ah! Como eu to cansado!``, ´´ Como a Diana ficou turbinada depois do implante, hmm! `` ou mesmo ´´ Pô, como esse Alan é um cara bacana !`` Ficou então com um certo alívio, apesar do tal implante que não concorda muito com a empresa. O problema é que agora não sabia muito o que fazer com esse novo poder. De repente, quando estava na sua sala no trigésimo quinto andar, começou a ouvir uns ruídos da rua, era sua ex-mulher entrando no edifício pensando numa estratégia de lhe roubar tudo que o divórcio não cobriu, mas estava muito distante para ouvi-la nitidamente. De repente Alan levantou-se e se jogou contra a janela do seu escritório, mas sua resistência preveniu-lhe de tal suicídio, apenas seu psicológico a atravessou e desceu à portaria, agora podia ouvir pensamentos e falas de pessoas sem estar presente.
A seguiu então até a sala de reuniões, lá ouviu toda a falcatrua e pensou: ´´ E agora, que faço para impedi-los? Retornarei a meu corpo e os interceptarei. Chegando lá entrou em seu crânio, mas não se reativa. Estava morto, pois foi ´´acefalado``, e sua mente era nada mais nada menos que sua alma agora.

Por: Felipe Filgueiras

Roxanne

Num restaurante tradicional da pequena cidade de Ilhéus, na Bahia, um viajante chamado Kayke dos Anjos decide tirar uma folga de suas férias na cidade para comer alguma coisa num restaurante no centro da cidade, mas quando é atendido pela garçonete, seus olhos convertem-se em circunferências brilhantes, e os raios das tais concentram-se centrifugamente na direção ao seu corpo esculpidos pelos deuses, e, com certo desejo, rastreia cada curva em sua resolução mais precisa.
Enquanto esperava seu pedido, tentava a garçonete, encostada na parede a trocarem olhares, e apesar de inocente filha do dono, que tem o restaurante como sustento, ela correspondia: observava, sorria e timidamente fugia ao olhar.
O pedido logo veio, e ela, ao colocá-lo à mesa, deixou escapar um detalhe escondido atrás de seu vestido. A inocente moça logo se recuou envergonhada e pediu desculpas. Kayke, também embaraçado, lhe disse que o que é bonito deve ser mostrado, fazendo com que tímidos risos saíssem da boca da moça, que se se retirou para a cozinha.
Quando Kayke quis pedir a conta, a irmã da garçonete, também exercendo o mesmo, acatou-lhe o pedido e deixou em sua mesa um bilhete o informando para encontrar sua irmã ao pôr-do-sol na praia.
Mais ao final da tarde, Kayke foi a caminhar até a praia. A luz dissipava-se, as cigarras cantavam, a praia estava deserta, a única coisa que se ouvia fortemente eram as ondas desmantelando-se à orla, mas de repente, as batidas cardíacas de Kayke começaram a tomar conta dele, e ao vê-la com seu vestido soprando ao vento, ele se aproximou e beijou-a. Se beijaram como nunca haviam beijado antes, de repente o vento soprou mais forte, as ondas quebravam a barreira do som, as gaivotas gorjeavam sem cessar e seu vestido já voava pelos ares.
Amanheceu sozinho na praia, ela havia sumido; então colocou a roupa e regressou então para seu hotel, mas no caminho refletiu: conheceu os mais profundos segredos da moça sendo que nem seu nome sabia. Foi aí que seu pé pisou em algo; era o vestido abandonado e lá se encontrava rasgado na região do tórax no formato de uma palavra: Roxanne.

Por: Felipe Filgueiras

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Visita do Tio Barbixa! ^^'


O escritor Hermes Bernardi nos visitou numa terça aí, e nos contou sobre seu processo de criação.
Simples!

Sorria meu bem ^^ sorriaaaa...

Eu escrevo, simples!
Eu trago um livro dela pr'agente colocar uma frase
rock 'n roll com Clarrisse!

Criação Coletiva

? Qual é a resposta?

Eu canto a música dos outros.
Isso pode ser metáfora.
Pode ter muitas interpretações.
Você sabe qual é a resposta?

Eu canto a música dos outros.
A palavra vem junto com o vento.
Leio mentes. Respiro papel.
Você sabe qual é a resposta?

Eu canto a música dos outros.
Isso não faz sentido.
Pega a música, soca bem e enfia no papel.
Você sabe qual é a resposta?

Eu canto a música dos outros.
Leio palavras, devoro frases.
No final, tudo vira meu.
Você sabe qual é a resposta?

Anna Claudia Ramos, Felipe Santos, João Dabul e Isabel Pessoa

Textos produzidos por Patrícia Diniz


Infância roubada

Me lembro dos meus oito anos. Era feliz. Brincava, viajava, até que meus pais brigaram e resolveram se divorciar.
Fiquei triste. Não quis saber de mais nada. Nem de brincar, nem viajar. Nada.
Quando estava me acostumando com a situação, uma sombra assolou nossas vidas. Minha mãe ficou cegamente apaixonada.
Ao anoitecer tinha medo do escuro, medo das minhas próprias cobertas, medo de ficar sozinho.
O tempo foi passando e ia deixando o que eu mais amava de lado, inclusive meu pai.
A minha infância já não existia, minha inocência fora roubada. E hoje ainda tenho medo.

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Caminhava

Caminhava. Apenas caminhava.
As estrelas iluminavam a rua escura.
Admirando a linda noite sem luar, um barulho me chama de volta.
Desnorteada, fui invadida pela solidão escura e fria da noite sombria.

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Dor

Começou quando chegou em casa. Todo despenteado, com a gravata frouxa, sapato desamarrado, camisa fora da calça, todo bagunçado. Sorridente, cambaleando e tropeçando nos próprios pés.
De início era assim. Feliz. Mas com o passar do tempo se tornou freqüente, cansativo e chato.
O que era engraçado virou pavoroso.
Seu tom de voz ficou mais alto, ameaçava-me cada vez que chegava em casa. Estremecia. Temia o futuro, temia algo que estava muito próximo.
Um dia ao chegar em casa, estava mais agressivo do que antes. Eu tom de voz vinha ecoando do corredor.
Ao olhar em meus olhos, senti dor. Ela não cessou até eu gritar. Nunca mais olhei em seus olhos.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

INSPIRAÇÃO SÚBITA!

"Sabe o que é pior
do que estar entalado(a)
com uma idéia?

É não tê-la"

Por Patrícia Diniz (Num momento inspiradíssimo)