quinta-feira, 14 de outubro de 2010

domingo, 2 de novembro de 2008

No início do ano, os primeiros escritos


Nosso grupo de oficina de textos: Patrícia, Isabel, Anna Claudia, João, Luisa e Felipe na exposição da Clarice Lispector, no CCBB


Falando e escrevendo


Eu só consigo escrever quando vem.
Quando alguma coisa vem.
Quase nunca vem.
Fica por aí.
Fica em algum lugar por aí,
que não chega nem perto.
Infelizmente.
Queria que chegasse, talvez.
Sinto falta.


Por João Dabul

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Texto de Rebuzzi



Como passei muito tempo frequentando esse bar, acabei aprendendo algumas lições. A mais importante de todas ponho aqui: Músicas tem silêncios, almas tem ocos e pessoas tem vazios.

A cada salva de palmas batidas para ele, eu reconhecia que ninguém ali o aplaudia pela qualidade de suas músicas, mas porque ele era da nossa espécie. Os excluídos. Azarados. Os que conheceram a verdade nua e crua quando a viram tomando banho com a pessoa que amavam.

Então, o conheci pessoalmente. Sujeito de pernas arqueadas, olhos amarelos e expressão triste (apesar de um rosto bonito).

Crise existencial, depressão e diálogos firmes?
Ele era tão ruim quanto eu!
Estou apaixonada.


Por Rebuzzi

Fracasso

Dois amigos andavam pelo parque. Conversavam.

- Perdi as pessoas que eu gostava, minha família, minha noiva, meu trabalho...
- Sobrou uma garrafa de vodka pra você fingir que está tudo bem? Ria na sala e chore no quarto.
- Putz... Pior que não!
- Sobrou dinheiro?
- Não...
- Então roube. Vodka realmente ajuda.
- Já sei. Vou roubar um sorriso!

O outro olhou assustado. Não era bobo. Não iria sorrir.


Por Rebuzzi

A Neve


Quando os primeiros flocos de neve começaram a chegar, as pessoas de uma pequena cidade saíram de suas casas. Foram todos para uma praça que ficava bem no centro. Algumas crianças começaram a brincar com os flocos de neve, e os adultos a conversar sobre seus assuntos cotidianos.

Após vinte minutos, um grande e assustador barulho ecoou a alguns metros de distância. Alguns moradores ficaram assustados, pensando que era o fim do mundo, e voltaram correndo para suas casas. Outros, mais corajosos e curiosos, foram para o lugar do estrondo.

Lá jazia algo bem grande, de forma retangular e bem grosso, mais do que aqueles travesseiros cheios. As pessoas ficaram espantadas. Inicialmente, ninguém se mexeu, só ficaram olhando e admirando aquela imagem, até que um senhor de bastante idade aproximou-se e começou a tirar a neve de cima daquilo. Com essa ação, outras pessoas também foram lá ajudar e, com o tempo, tiraram toda a neve em cima do objeto e finalmente reconheceram o que era.

Então, o mesmo senhor que começou a tirar a neve disse em choque: "É um grande livro."

Logo em seguida, o livro abriu-se sozinho. De dentro dele começaram a sair coisas maravilhosas, como florestas, animais, um grande e iluminado sol, borboletas, nuvens, doces e outras coisas diversas coisas que iam aparecendo. Até que a capa do livro encostou na neve.

Uma pessoa começou a ler, e logo em seguida começou a chorar. Os moradores mais próximos perguntaram o que tinha acontecido, e essa pessoa disse que era a coisa mais linda que já tinha lido em sua vida, e começou a ler em voz alta para todos.

Após as primeiras palavras, todos sentaram, ficaram ouvindo atentamente. Os outros começaram a ler para eles mesmos. Só pararam quando a pessoa que estava lendo se cansou.

Quando voltaram para a cidade, logo contaram para os moradores que haviam ficado. As reações deles foram bem diferentes umas das outras. Alguns acharam que os que viram o livro tinham ficado loucos, outros ficaram curiosos. E alguns ignoraram o assunto.

Por Isabel Pessoa